sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O circo da democracia


Nem o melhor discurso, nem as melhores promessas, foi-se o tempo em que a crítica Platônica sobre a dmocracia se aplicava à nossa realidade. Atualmente, é essa palhaçada que movimenta a nossa política. E de tudo, o mais engraçado é que eles não são os únicos que fazem da política um verdadeiro circo, todo o resto é um circo, o único problema é que nesse outro circo, os palhaços somos nós.
http://www.youtube.com/watch?v=wZAGrmrneOM

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Cão

Mal nasce o sol e sou chamado a nascer também. As portas do comércio ao qual em frente eu me abrigava, ergueram-se, e de lá, mais uma vez fui escorraçado. Sonolento, com a visão embaçada e sobre minhas quatro patas, vou contente atrás do lanche matutino. A lixeira que sacia a minha fome diariamente está vazia, foram mais rápidos novamente... Ah “quisesse” eu ser humano: dono do tempo, dono do lixo, dono de mim, consciente da minha existência, cheio de idéias inspiradoras regadas de sabedoria plena. A vida é confusa para um cão, ouço muitas coisas que minha inteligência canina não é capaz de atingir, logo não consigo entender se realmente há alguma utilidade em algumas dessas palavras, que parecem movimentar a realidade humana “A vista” “A prazo” “um real” “real”. Driblando a fome e as dúvidas, vou seguindo meu rumo, muitos seres existentes cruzam por mim, alguns, na verdade, a grande maioria deles, ignora o meu ser, talvez para eles, eu realmente não exista, mas o fato é que eventualmente, não me sinto um ser inexistente, me sinto pensante, quase humano, mas poucos me direcionam um olhar. Para mim, chega a ser contraditório, afinal eu estou aqui e sinto e existo. Sinto fome e sinto frio e sinto medo e questiono a minha realidade que embora canina seja uma verdade.
Meu dia transcorre sem grandes acontecimentos, sendo muitos invisíveis aos olhos de um cão. Minha inteligência permite-me compreender o mundo em partes: como se eu visse o todo sem alguns pedaços, ou através das chamas de uma vela, ainda um quebra-cabeça sem peças fundamentais. Foi num momento aí, desses monótonos dias que captei um acontecimento que me revelou uma realidade desconhecida, me fez achar uma peça do quebra-cabeça e ao uni-la ao restante, fui capaz de enxergar o quão somos todos de um significado tão igual. O sol estava partindo, e eu resolvi me abrigar sob o banco de um parque, olhei ao longe e lá estava outro ser, outro cão arrumando os trapos para se aninhar como eu, como um cão invisível aos olhos humanos, inexistente, insignificante, inconsciente, dotado de um olhar pidão refletor de toda a solidão. Mas o que me trouxe essa realidade absurda foi quando aquele Ser imponente ergueu-se e lá estava ele: enorme sobre duas patas, sim, duas únicas patas, não, ele não era um cão... parecia, vivia com um, mas não era....

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Uma triste perda!

Talvez o sentimento seja de um trabalho inacabado, que poderia nos proporcionar mais reflexão, mas antes de mais nada o sentimento que sinto é a certeza de uma obra infinita. Infinita não pelo grande número de obras, até porque o infinito não pode ser inserido no contexto numérico, infinito na profundidade da combinação das palavras que nos fazem refletir hoje, nos fariam refletir no passado- se lá estivessem - mas acima de tudo nos farão refletir no futuro. Um olhar crítico sobre a sociedade e sobre o indivíduo. O que dizer de alguém que afirma que conhecer a si mesmo é a 5ª e mais difícil operação matemática, que possuímos cérebro na ponta de cada dedo e que esses dedos são capazes de pintar a tela dos nossos sonhos, ou seja Saramago é (“é” porque nunca deixará de ser, desde que pensar seja existir, ele fez com que seus pensamentos fossem registrados para que fossem repensados por todos aqueles que acessarem a sua obra, permitindo que ele torne a existir) capaz de dar vida a cada pedaço do ser humano que julga que a vida principia do cérebro da cabeça. Tanto não principia quanto algumas das grandes descobertas surgiram através do tato, afinal estamos todos cegos, e cegos por não querermos ver o que está ao nosso redor, estamos cegos por acharmos que somos bons o tempo todo e por aceitarmos uma realidade, que muitas vezes, não concordamos ou acreditamos, jámais pensando que só somos humanos por estarmos inseridos na condição humana, “nos tirem da nossa condição e vocês verão o que acontecerá”, “nos deem o poder de guiar um cego desconhecido”, somos pessoas de bem até que nos provem o contrário. Até termos o poder absoluto ou até termos perdido absolutamente tudo.